Sao Tome
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Jornalistas em pleno exercício das funções concorrem como candidatos a deputados

Na lista divulgada pelo Tribunal Constitucional, sobre os candidatos dos partidos políticos e das coligações partidárias, para as eleições legislativas de 25 de setembro, o Téla Nón encontrou nomes de dois jornalistas que exercem função nos órgãos de comunicação social do Estado, mais concretamente na Rádio Nacional e na Televisão São-tomense.

Candidato número 25 na lista de deputados do partido MLSTP para o círculo eleitoral de Água Grande. Para além de jornalista é chefe do departamento de programas da Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe
Candidata número 21 numa das listas do Movimento Basta é correspondente da TVS

Jornalistas em pleno exercício da função, podem ser simultaneamente candidatos de partidos políticos ao cargo de deputado a Assembleia Nacional?

Em resposta a esses dois casos, a nova direcção do sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social, condena tal situação, e denunciou a contínua politização dos jornalistas e dos órgãos estatais de comunicação social.

«Ouvimos jornalistas em pleno exercício da profissão, a darem voz aos tempos de antena dos partidos políticos. Assistimos peças jornalísticas contendo elementos de propaganda política, e ainda como se não bastasse termos vistos num passado muito recente, jornalistas inscritos nas listas como delegados aos congressos dos partidos, temos agora jornalistas em pleno exercício de funções, inscritos nas listas dos partidos como candidatos a deputados», afirmou o vice, Presidente do sindicato dos jornalistas e técnicos da comunicação social.

Em São Tomé e Príncipe tradicionalmente nos períodos eleitorais, jornalistas dão voz ao discurso de campanha eleitoral dos diferentes candidatos.  

Foi no quadro da formação dos jornalistas sobre o processo eleitoral, realizada pelo PNUD em parceria com a Comissão Eleitoral Nacional, que o sindicato denunciou o caso.

Segundo Josimar Afonso, o salário praticado é insignificante, enquanto as ofertas e promessas políticas no período eleitoral são atraentes e tentadoras. No entanto o sindicato considera que «nada disso ultrapassa nem deve sobrepor-se ao prestígio da nobre função de jornalista…muito menos justificar a violação da ética e da deontologia da classe».

Numa altura em que o sindicato está a travar uma dura batalha com o governo, no sentido de implementar o Estatuto de Carreira dos Jornalistas e a consequente melhoria da situação salarial da classe, o vice-Presidente do Sindicato diz que não vale a pena cair na tentação política.

As estruturas do Estado que regulam a comunicação social, assim como as direcções dos órgãos de comunicação, são chamadas a intervir para travar tais práticas. «E se necessário sancionar e afastar das redacções os jornalistas que demonstrem sinais de propagandistas eleitorais e comissários políticos…», frisou, o vice-Presidente do Sindicato dos Jornalistas.

Para os jornalistas que ainda não foram conquistados e manipulados pelos partidos e coligações políticas, o sindicato apela a objectividade, o respeito as leis do jornalismo, e que sejam guardiões da verdade e da imparcialidade.  

«Deixemos a política para os políticos e façamos jornalismo, dignificando a nossa profissão…», concluiu Josimar Afonso.

Note-se que 15 dias depois da denúncia feita pelo Sindicato dos Jornalistas, ainda não houve qualquer reacção, seja dos órgãos de comunicações social que têm jornalistas partidários nas suas redações, e muito menos das instituições que regulam a actividade da comunicação social, e que têm a responsabilidade legal de defender a liberdade de imprensa, e a imparcialidade dos jornalistas. Caso concreto do Conselho Superior de Imprensa.

Abel Veiga